Os banimentos saíram. A atualização de 31 de março para os formatos competitivos de Magic: The Gathering trouxe mudanças consideráveis para três ambientes: Modern, Legacy e Pauper.
No formato das comuns, três pilares do atual Metagame foram retirados junto de um anúncio com desbanimentos:
Basking Broodscale e Kuldotha Rebirth protagonizavam dois dos melhores decks do Pauper, enquanto Deadly Dispute e sua interação com Ichor Wellspring era a espinha dorsal que habilitava vários arquétipos, e retirá-los traz novas perspectivas para o formato.
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Prophetic Prism, uma antiga staple do formato, volta após quase três anos desde seu banimento, e acompanhada de High Tide, card que entrou na lista no momento em que o Pauper foi unificado entre papel e digital, sendo uma das intervenções preventivas de um card que nunca teve seu momento no Magic Online.
Afinal, o que essas mudanças significam para o Pauper e como esses cards acabaram banidos do formato? Neste artigo, avaliamos a repercussão que as atualizações podem trazer ao Metagame!
Basking Broodscale

Não há muito o que dizer sobre Basking Broodscale. Em diversos artigos e vídeos, mencionei que o padrão de jogo do Broodscale Combo e a quantidade de concessões de deckbuilding que uma combinação de duas cartas forçava nos demais arquétipos tornava de um banimento em Sadistic Glee ou Basking Broodscale uma questão de quando aconteceria. O dia chegou.
Deadly Dispute

Havia dúvidas de se o PFP veria a necessidade de banir Deadly Dispute do Pauper pela sua interação com Ichor Wellspring que o transforma virtualmente em um Ancestral Recall e que se tornou a melhor fonte de vantagem em cartas do formato, ao ponto de homogeneizar o deckbuilding do Pauper.
Enquanto essa intervenção afeta o Affinity, ele é um hit no formato inteiro. Sem Dispute, decks como as variantes recentes de Pactdoll Terror ou Mono Black Aristocrats também tornam-se consideravelmente piores, e outras estratégias que também utilizaram esse mecanismo para valor, como o Jund Wildfire que se destacou no Paupergeddon, toma um golpe muito pesado com essa intervenção.
No entanto, ele não mata nenhum desses arquétipos. Eles precisarão se adaptar, alguns deles não serão tão bons sem a mana extra da Dispute, mas, ao mesmo tempo, o formato está ficando mais lento, o que significa mais segurança em jogar com Eviscerator’s Insight ou Reckoner’s Bargain sem sofrer tanto por perder um “turno extra”.
Kuldotha Rebirth

Existem diversas maneiras de categorizar o Kuldotha Red no Pauper. Alguns o consideram desgostoso de jogar contra, outros o acham a melhor opção do formato porque oferece o melhor custo-benefício de tempo e recompensa nas Ligas, e tem quem o considere um deck muito justo.
Minha perspectiva foi sempre que, após o banimento de Monastery Swiftspear, o Kuldotha Red assumiu dois papéis no Pauper — o primeiro foi o de policiar o Metagame. Ele foi sempre o arquétipo que colocou em cheque estratégias que fossem muito degeneradas e/ou que tentassem levar a partida para jogos muito longos, como Tron, Jeskai Ephemerate, entre outros.
O segundo era o papel de teste de fogo. Para sua lista suceder em um torneio de Pauper, ele precisava estar pronto para enfrentar Kuldotha Red — fato comprovado pelos resultados do Paupergeddon, onde ele teve a melhor conversão do Dia 1, mas a pior conversão para o Top 32 dentre os arquétipos mais jogados.
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Esse problema costuma ser resolvido colocando mais ganho de vida e/ou sweepers baratos na sua lista para atrasar os planos do oponente por tempo o suficiente, mas existiam poucas opções de ganho de vida que fossem realmente versáteis em lidar com o deck fora de Weather the Storm.
Diferentemente do Burn, no entanto, o Kuldotha Red tem a mistura perfeita de potencial explosivo (Rebirth + Goblin Bushwhacker), poder permanente com cada criatura de poder dois por uma mana que ele pode usar, e fôlego extra com as interações de Experimental Synthesizer, então um Lone Missionary fazia muito pouco em segurar o clock do oponente.
Em tese, essa mistura seria o suficiente para banir algo do Kuldotha Red para facilitar a interação e Kuldotha Rebirth, enquanto mata permanentemente o arquétipo, é a escolha mais sensata. Mas não significa que ele vai trazer apenas benefícios ao Pauper.
Como mencionado acima, o Kuldotha Red era o arquétipo que segurava certas estratégias que podem ser bem desgastantes de jogar contra, e com o desbanimento de Prophetic Prism, é natural que Tron e outras estratégias tentando ir para o late-game tenham mais espaço — e nenhum jogador de Pauper que tenha vivido os tempos de Flicker Tron gostaria de rever o arquétipo voltar a ser um dos melhores decks do Metagame porque a experiência dele, tanto no MTGO quanto nos torneios presenciais, é desagradável.
A saúde do Pauper dependerá agora de quem será o próximo vigia do Metagame e qual será o novo teste de fogo. Em uma primeira análise, os candidatos prováveis são Gruul Ramp, Affinity — ele sobrevive sem Deadly Dispute —, Faeries e alguma variante de Blue Terror.
Quanto ao Kuldotha Red, o deck está morto e será necessário reavaliar listas e micro-interações possíveis com artefatos e Experimental Synthesizer no vermelho para continuar aproveitando Goblin Tomb Raider e Goblin Blast-Runner, talvez com Improvised Club.
Outra opção envolve ir de vez para a rota dos Goblins para aproveitar Goblin Grenade, mas este não possui o mesmo poder permanente que Implement of Combustion e Experimental Synthesizer garantem, apesar de ser possível misturar as duas casas em uma única lista.
High Tide

High Tide tem uma história peculiar no Pauper. Ou melhor, a ausência de uma história. Ele foi banido do formato quando a Wizards unificou o Pauper de papel com o Online e nunca teve qualquer chance de provar seu potencial no formato — uma das maiores críticas ao seu banimento na época.
Na história dos formatos eternos, High Tide esteve acompanhado de efeitos de desvirar terrenos, e quase todos são banidos do formato, exceto por Snap e Twiddle. Em termos técnicos, ambos seriam suficientes para, com Archaeomancer e Mnemonic Wall, criar algumas combinações de loopings que poderiam levar para mana infinita e/ou para extrair rios de valor com vários efeitos de ETB das suas criaturas, e em uma cor que consegue esculpir sua mão e se proteger.
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Também não se deve esquecer de que existem dois ciclos de terrenos no Pauper com tipos de Ilha e tutoráveis com Lorien Revealed, o que abre ampla possibilidade de splashes ou de versões de duas cores de High Tide surgindo no formato para mais interações e/ou proteções. Mas a mágica só adiciona extra para cada vez que for conjurado, e não mana de outras cores. Portanto, o splash terá de ser limitado de alguma maneira.
As condições de vitória não diferem muito do que o Familiars propõe com Sage’s Row Denizen ou até a possibilidade de usar mágicas como Capsize, e a quantidade de trabalho em torno das interações com ele são, inclusive, bem parecidas com a do Familiars, apenas em outra cor e de maneira que precisa ser feito um one-shot para gerar o máximo de valor possível de um High Tide, ou para finalizar o jogo.
O Pauper Format Panel deixou bem claro que este desbanimento é um teste, e parece assertivo que seja tratado dessa maneira. Não podemos, no entanto, negligenciar que High Tide cria decks intensivos de cliques e estes tendem a não demonstrar tanta performance nos Challenges por serem mais desgastantes, enquanto seus resultados em jogos presenciais podem ser consideravelmente distintos — é uma natureza desses arquétipos de looping e tem ocorrido de maneira semelhante com Nadu, Winged Wisdom no Legacy.
Dito isso, usar o argumento de “existem oito Red Blasts no formato” para desbanir High Tide no mesmo momento em que baniram Kuldotha Rebirth porque ele “demandava respostas demais nos Games 2 e 3” é contraditório.
Prophetic Prism

O desbanimento de Prophetic Prism já era de se esperar há meses e foi extremamente assertivo do comitê trazê-lo de volta no formato no mesmo dia em que removeu Deadly Dispute — funciona como uma troca compensatória onde o Pauper ganha um manafixing eficiente, mas perde a maior fonte de vantagem em cartas da história recente do formato.
Arquétipos que se beneficiam de Prophetic Prism também foram agraciados com o banimento de ambos Basking Broodscale e Kuldotha Rebirth. Afinal, pagar duas manas no seu turno para “fazer nada” significava uma punição severa por parte dos arquétipos mais rápidos, portanto, a interação de um artefato com o campo de batalha precisava ser um pouco mais do que apenas um draw.
O vencedor óbvio será o Tron, mas as circunstâncias que parecem estar se alinhando com o formato hoje não indicam que ele será um arquétipo predominante no formato: Faeries e Terror permanecem como decks fortes e Tron sempre foi uma estratégia apresada pelos Blue Tempo enquanto se apresava dos Midranges — categoria que hoje é composta principalmente pelo Affinity, e esse possui versatilidade e um clock suficientemente rápido para pressionar o oponente.
Por falar em Affinity, é possível que o deck utilize algumas cópias do Prisma inicialmente, mas este não deve permanecer como um 4-of por muito tempo: a base de mana do Affinity é suficientemente sólida para precisar de apenas duas cópias de algum manafixing agora que perdeu Deadly Dispute — se precisar, porque novas versões do arquétipo podem surgir com duas cores agora que Hydroblast deixa de ser tão obrigatório.
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Concluindo
Os banimentos de 31 de março representam uma mudança substancial na maneira de jogar Pauper nos próximos meses. Particularmente, algumas dessas intervenções soaram mais como jogar para a torcida do que especificamente uma necessidade, mas é preferível um Pauper Format Panel que se mantenha ativo e tenha a coragem de tomar decisões ousadas do que um comitê inerte quanto às necessidades do Metagame.
A ausência de mais intervenções no Affinity é uma preocupação da comunidade no momento. Krark-Clan Shaman ainda é um card notoriamente forte com Ichor Wellspring e traz restrições muito pesadas para decks go wide enquanto gera valor demais no arquétipo meramente por interagir bem com artefatos, e sem Kuldotha Rebirth para justificar ter um “sweeper de uma mana”, é difícil imaginar bons motivos para ele permanecer no formato.
Exceto por esses dois pontos, as escolhas foram assertivas, trazem um ar fresco para o Pauper que precisava parcialmente dele há algum tempo e remove um dos arquétipos mais problemáticos do Metagame recente, ampliando possivelmente o espaço para o deckbuilding nas listas — ainda com a necessidade de preparar seus Deglamer e Dust to Dust para lidar com o deck mais famoso do formato há quase quatro anos.
Obrigado pela leitura!
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