Magic: The Gathering tem um conjunto de regras bem amplo, mas estruturado de maneira que as mensagens básicas sejam simples de entender: jogadores só podem jogar um terreno por turno, virar um terreno gera mana, pagar mana para um card serve para o conjurar, virar este card ativa uma habilidade, e talvez outra criatura tenha uma habilidade sendo desencadeada porque seu controlador ou oponente fez uma ação na partida.
Além dessas, existe uma frase comumente usada quando as regras básicas de Magic são explicadas para outra pessoa: “A menos que algum card diga o contrário”. Essa máxima se aplica a todo momento: cards como Oracle of Mul Daya permitem jogar mais terrenos, Panharmonicon faz habilidades desencadearem mais de uma vez - e em outros casos, existem cards que impedem ações no jogo, como Thalia, Guardian of Thraben e Phyrexian Censor.
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O novo card de Tarkir: Dragonstorm, Clarion Conqueror, se encaixa neste segundo molde, e com algumas peculiaridades que o tornam o nosso destaque de hoje.
Clarion Conqueror - Análise

Clarion Conqueror se encaixa em um molde já conhecido de uma criatura por com um corpo decente e uma habilidade disruptiva que trava alguma ação no jogo. Diferente de muitos dos seus primos distantes, este possui ampla abrangência de alvos e com a notória ausência de restrições sobre elas: uma vez em jogo, cards de Planeswalker e artefatos com habilidades ativadas tornam-se essencialmente inúteis na mesa, enquanto criaturas com habilidades ativadas perdem o seu maior benefício de serem jogados em listas.
A nova criatura também possui a notória ausência de uma linha do texto muito importante: diferentemente de outros efeitos parecidos, Clarion Conqueror trava habilidades de mana também. Portanto, situações em que o oponente usa alguma interação para gerar mana infinita não podem ser aproveitadas se este card estiver em jogo, e artefatos como pedras de mana também não podem ser usadas - o que provavelmente o colocará rapidamente na lista de cards mais odiados do Commander.
Como bônus, seu controlador ganha um 3/3 com Flying por três manas, significando que ele consegue estabelecer uma boa pressão na mesa enquanto trava possíveis interações do oponente, mas sem ser uma máquina de ganhar jogos e difícil de remover, já que Lightning Strike, Lightning Bolt ou Nowhere to Run já seriam o suficiente para lidar com ele.
Apesar disso, Clarion Conqueror já tem todos os elementos para ser uma potencial staple para diversos formatos, como pontuado pelo nosso autor Elton Fior em sua análise para o Legacy e Vintage.
Clarion Conqueror no Standard

Clarion Conqueror tem como principal alvo no Standard a possibilidade de travar Zur, Eternal Schemer, impedindo assim que um oponente de Domain possa começar a transformar Leyline Binding ou os Overlords em criaturas e começar a agregar rios de valor muito cedo.
Outros alvos comuns poderiam incluir Jace, the Perfected Mind e Collector’s Cage. A nova criatura, inclusive, é um dos maiores hates possíveis contra o Selesnya Cage, dado que ele trava Llanowar Elves, Collector’s Cage e também outros cards como Sandstorm Salvager e Haywire Mite.
Consequentemente, ele não se encaixa bem em nenhum dos arquétipos muito afetados pelo seu “lock”, mas conta com a vantagem de não impedir habilidades ativadas de encantamentos como Stormchaser’s Talent, apesar dos decks de Bounce provavelmente não o quererem em suas listas se o Metagame não demandar esse tipo de hate específico nos Sideboards, visto que ele interage muito mal com Kaito, Bane of Nightmares.
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No fim, ainda não parece haver um lar para ele no Standard hoje, pelo menos não no maindeck. Tarkir: Dragonstorm pode trazer esse espaço para ele conforme novos arquétipos de três cores surgirem. No entanto, ele requer um Metagame específico para funcionar, e o do Standard não parece ser o caso no momento.
Clarion Conqueror no Pioneer

Quanto mais extensa a pool de cards, mais importante Clarion Conqueror se torna, mas talvez o seu maior destaque dentre os formatos elencados neste artigo seja no Pioneer, pois ele possui um lar quase certeiro no Selesnya Company, apesar de travar as habilidades de Llanowar Elves e Elvish Mystic de gerar mana, mas com a vantagem de atrasar consideravelmente o plano de jogo de vários arquétipos no atual Metagame.
Contra Rakdos Demons, Conqueror trava a habilidade de Bloodtithe Harvester de interagir com a mesa e também a de Reflections of Kiki-Jiki de copiar criaturas. Ao mesmo tempo, ele trava uma dúzia de Planeswalkers importantes do formato hoje, como Kiora, Behemoth Beckoner, The Wandering Emperor, Teferi, Hero of Dominaria e Kaito, Bane of Nightmares.
Nos tiers um pouco mais baixos, Witch’s Oven e o combo de Ygra, Eater of All e Cauldron Familiar deixam de ser possíveis enquanto conseguirmos manter Conqueror na mesa, Parhelion II se torna um card inútil no cemitério - o mesmo não pode ser dito sobre Skysovereign, Consul Flagship - e Quintorius Kand não pode finalizar o seu combo.
Clarion Conqueror no Modern

A quantidade de cards que Clarion Conqueror trava no Modern é consideravelmente alta, e podemos destacar Karn, the Great Creator, Mox Opal e Grinding Station como o mais importante dentre eles hoje, mas outras peças como Goblin Charbelcher e Yawgmoth, Thran Physician também são peças essenciais de combos que o novo card consegue impedir, sem contar a interação entre Samwise Gamgee e Cauldron Familiar com Carrion Feeder.
Como bônus, ele também trava alguns mecanismos de valor atuais como Relic of Progenitus e Teferi, Time Raveler ou combos menos utilizados no Metagame, como Splinter Twin, e possui algum valor acidental contra outros arquétipos como os de Thopter Foundry e Urza, Lord High Artificer ou o Hammer Time, onde ele trava praticamente todas as linhas de combo e faz com que Urza’s Saga se torne a única condição de vitória viável.
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É pouco provável que Clarion Conqueror encontre slots no maindeck. Muitos arquétipos que poderiam usá-lo no Game 1 também possuem suas permanentes com habilidades ativadas, e em maioria, ele será contra-intuitivo com elas. O sideboard será o seu principal lar, e ali, ele encontrará espaço em alguns dos principais arquétipos do formato hoje, como Orzhov Blink, mas também em outros arquétipos que podem aproveitá-lo de outras maneiras.
Um bom exemplo são os decks de Cascade como Crashing Footfalls ou Living End. O novo dragão está no valor de mana certo para passar pelo teste do custo nessas estratégias e é uma das principais ferramentas para responder a cards como Karn, the Great Creator ou, no caso do Living End, Relic of Progenitus e Ghost Vacuum, enquanto é um hoser para uma dúzia de cards problemáticos nas mais variadas partidas.
Concluindo
Clarion Conqueror é o tipo de card que demonstra muito potencial quando é revelado, especialmente em formatos não-rotativos ou eternos, onde a pool de cards que ele trava se amplia.
Enquanto seu maior potencial pode ser no Legacy e ele tem uma boa variedade de cards no Modern para segurar, o Pioneer parece seu lar ideal, onde existe um arquétipo específico onde ele se encaixa enquanto se apresa de alguns dos principais combos e interações do Metagame.
Obrigado pela leitura!
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