Decks tribais são um grande sucesso no Commander. Uma das tribos queridinhas da galera na atualidade sem dúvidas é a dos vampiros. Com a passagem recente por Innistrad (Caçada à Meia-Noite e principalmente em Voto Carmesim
) houve grande expectativa de que os dentuços sugadores de sangue seriam contemplados com cards novos e incríveis, colocando-os em grande evidência. No entanto, vale lembrar que a tribo dos vampiros já era muito bem consolidada antes desta incursão recente.
Este artigo serve para lembrarmos disso e celebrar toda a majestade e carisma dos predadores mais garbosos do multiverso. Conheceremos um pouco da tradição tribal dos vampiros no Commander, seus costumes, pontos fortes e fraquezas, bem como a evolução do arquétipo ao longo das coleções lançadas anteriormente. Mas antes de começarmos, um aviso: mantenha o alho, o espelho e a estaca de madeira por perto. Você não vai querer virar o banquete até o final da leitura, vai?!

Conceito e Características dos Vampiros
No Magic: the Gathering os vampiros são uma espécie sanguinária, geralmente uma espécie de morto-vivo. É um tipo de criatura característica da cor preta, mas também podem ser encontrados associados ao vermelho e ao branco (nesta ordem de recorrência). Embora os humanos sejam as vítimas mais comuns do vampirismo, outras raças também podem ser afetadas. Em todo o multiverso do Magic, os vampiros podem ser criados por meio de outros vampiros transformando suas vítimas (geralmente através de uma mordida) ou por meio de encantamentos. Alguns cards que representam mecanicamente bem esta conversão ao no jogo são Captivating Vampire, Olivia Voldaren e New Blood.
A característica mais marcante do vampirismo é sua fome pelo sangue e/ou força vital de outras criaturas. Este padrão alimentar costuma ser representado em cards por diversos efeitos relacionados ao dreno e ganho de vida (Vito, Thorn of the Dusk Rose, Malakir Bloodwitch, Blood Baron of Vizkopa, Sanctum Seeker) ou marcadores (Vampire Socialite, Rakish Heir, Bloodlord of Vaasgoth). A natureza predatória dos vampiros também é traduzida mecanicamente por meio de efeitos de sacrifício ou habilidades desencadeadas pela morte de criaturas, como é bem exemplificado em Indulgent Aristocrat, Blood Artist, Sangromancer, Butcher of Malakir e Anowon, the Ruin Sage.

A História dos Vampiros no Commander
Ad
Os vampiros hoje podem ser considerados uma tribo com alta representatividade no Commander, com uma certa diversidade de opções de generais e temas. A história dos vampiros no formato passa por algumas ‘ondas de fartura’ - que basicamente são momentos específicos onde várias cartas úteis são lançadas para a tribo, geralmente porque ela é um dos temas de uma coleção ou bloco.
Primeira Onda: Zendikar (2009)
A primeira carta com o subtipo foi Sengir Vampire em Alpha; logo, os vampiros existem desde sempre no Magic. Porém, durante os primeiros anos do jogo não houve qualquer suporte pra que fosse possível montar decks focados neles. Apenas em 2009 eles foram abordados pela primeira vez como uma tribo respeitável, em Zendikar. O bloco apresentou os vampiros como a principal tribo da cor preta, trazendo cards importantes como Anowon, the Ruin Sage, Drana, Kalastria Bloodchief, Kalitas, Bloodchief of Ghet, Butcher of Malakir, Malakir Bloodwitch, Nirkana Revenant, Vampire Nighthawk, Blade of the Bloodchief, dentre outras. Os core sets da época também reforçaram o arquétipo com Vampire Nocturnus, Captivating Vampire, Viscera Seer e Bloodlord of Vaasgoth.

Qualquer um que quisesse montar um Commander tribal de vampiros na época teria Anowon, the Ruin Sage como opção mais óbvia. Até que em 2011 a primeira edição de Commander foi lançada, trazendo um novo frescor e iniciando uma longa era de ascensão do formato. Dentre os cards inéditos da coleção, Vish Kal, Blood Arbiter despontaria como uma nova alternativa de general, adicionando a cor branca ao arquétipo (embora não houvessem vampiros brancos na época).
Isso sem dúvidas deu um gás para que o arquétipo fosse possível e a importância que Zendikar e estes core sets representaram para a tribo dos vampiros foi indiscutível. No entanto, o suporte ainda era pouco e a representatividade dos vampiros no Commander ainda era bastante singela. Foi com Innistrad em setembro de 2011 que veio a segunda onda de fartura para os sugadores de sangue, que então se tornariam de fato uma tribo de respeito no formato.
Segunda Onda: Innistrad (2011 - 2012)
O bloco de três coleções (Innistrad, Dark Ascension, Avacyn Restored) trouxe os vampiros como uma tribo alinhada ao preto e ao vermelho, com mais cartas voltadas para sinergia tribal - Bloodline Keeper, Rakish Heir, Stromkirk Captain - e Olivia Voldaren como representante lendária. Olivia passou a ser então a principal opção de comandante na época, já que permitia acesso as cores certas e possuia um conjunto de habilidades que fazia bastante sentindo em um contexto de deck tribal. Além disso, peças como Blood Artist, Falkenrath Noble, Falkenrath Aristocrat e Bloodflow Connoisseur reforçavam ainda mais o tema de sacrifícios (que a partir de então passaria a ser chamado alegoricamente de ‘Aristocratas’).
Ad

Terceira Onda: Batalha por Zendikar e Sombras em Innistrad (2015 - 2016)
Após a segunda onda, os vampiros se recolheriam para seus caixões e hibernariam por 3 anos enquanto o Magic passava por outras coleções que eventualmente traziam um card ou outro para ser aproveitado no arquétipo, mas sem tratá-lo com qualquer atenção específica. Até que a Terceira Onda viria em 2015 até 2016 em um total de quatro coleções consecutivas que revisitavam os dois planos onde os vampiros tiveram mais espaço desde então: Zendikar e Innistrad.
Na primeira parte desta onda - Batalha por Zendikar e Juramento das Sentinelas - a tribo contou mais com a adição de cards de valor abrangente que eram vampiros, como Drana, Liberator of Malakir, Kalitas, Traitor of Ghet e Defiant Bloodlord. Repare que estes cards não possuem qualquer menção aos vampiros em seus textos porque a tribo não era um tema nas coleções. Por conta disso, o peso deste bloco foi menor em relação a sua sequência, Sombras em Innistrad e Lua Arcana, que não tinha como não tratar os vampiros com uma atenção maior. Algumas das melhores contribuições destas coleções para o arquétipo foram Indulgent Aristocrat, Olivia, Mobilized for War e Olivia’s Bloodsworn. Além disso, o bloco ambientado em Innistrad começou a pavimentar o caminho para que um novo subtema dentro do arquétipo dos vampiros começasse a ser introduzido: os decks de Loucura. O maior representante disso foi Falkenrath Gorger, que fazia com que cartas como Insolent Neonate, Markov Dreadknight e Stromkirk Condemned fizessem muito mais sentido. No entanto, ainda era cedo para que um deck de vampiros totalmente baseando em Loucura fosse viável, pois o número de peças dedicadas a isso era ainda insuficiente.
Quarta Onda: Commander 2017 e Ixalan (2017 - 2018)
Após um curto período de esfriamento entre 2016 e 17 os vampiros seriam postos novamente sob os holofotes com o lançamento de Commander 2017. A edição que trazia pela primeira vez decks tribais como um tema amplo de todos os precons estava destinada a ser um marco para os vampiros com o deck Sede de Sangue Vampírica, comandado por ninguém menos que Edgar Markov.

Este deck foi um divisor de águas para o arquétipo em muitos sentidos. Primeiramente, pelo próprio comandante principal, que em si, é um card acima da média de qualquer padrão no que diz respeito à decks tribais. Segundo, ele expandiu os horizontes ao entregar três opções de comandantes Mardu (branco, preto e vermelho), uma combinação de cores que ainda não era bem representada na tribo e simplesmente permitia o uso de todo tipo de vampiros lançados nas ondas anteriores (e futuras). Terceiro, o deck trouxe cartas inéditas que reforçariam o arquétipo, como Patron of the Vein, New Blood e Bloodline Necromancer. Com este deck os vampiros nunca estiveram tão em alta, e sem dúvidas foi o lançamento que marcou a onda mais importante da tribo para o Commander. No entanto, as coisas ficariam ainda melhores com a coleção que viria logo depois.
Ad

Quinta Onda: Caçada à Meia-Noite e Voto Carmesim (2021)
Depois do momento apoteótico da quarta onda, os vampiros tornaram-se uma das tribos mais populares do meta do Commander, mas naturalmente se manteriam discretos por mais três anos, com alguns cards pontuais se destacando aqui e acolá (como Vito, Thorn of the Dusk Rose, Sorin, Imperious Bloodlord e Drana, the Last Bloodchief). Por um breve momento neste caminho, a tribo foi remexida pela coleção de Commander 2019, que teria como tema de um de seus decks pré-construídos a mecânica de Loucura. Fúria Impiedosa trouxe Anje Falkenrath como comandante principal e alguns poucos vampiros com loucura em sua composição. Apenas Anje’s Ravager e a própria comandante eram cartas inéditas, mas esta pequena representatividade foi o suficiente para que alguns tentassem desengavetar a idéia de um deck “madness tribal de vampiros”, um subtema que se manteve um pouco mais latente à espera de suporte.

Este reforço viria com a quinta e mais recente onda de fartura da tribo, com o advento de mais duas coleções que visitariam pela terceira vez no Magic o plano de horror gótico favorito dos vampiros. A primeira delas, Innistrad: Caçada à Meia-Noite, foi lançada em setembro de 2021 e em teoria seria mais focada em dar suporte à tribo dos lobisomens. Ainda assim, não tinha como voltar à Innistrad sem vampiros, e alguns deles apareceram. A maioria recebeu habilidades adicionais se um oponente perder vida durante o turno, a exemplo de Florian, Voldaren Scion, Famished Foragers e Vampire Socialite.
Mas seria na segunda parte, com Innistrad: Voto Carmesim, que os vampiros receberiam o maior destaque da temporada. Lançada em novembro do mesmo ano, a coleção desta vez apresenta as Blood Tokens como a mecânica característica dos vampiros. Os cards associados além de produzirem estas fichas, frequentemente as utilizam para fins alternativos, como em Anje, Maid of Dishonor e Bloodtithe Harvester, Olivia’s Attendants, Bloodvial Purveyor, Falkenrath Forebear, Voldaren Bloodcaster e Arterial Alchemy. A utilidade das fichas de sangue é pouco explorada além disso na coleção, mas elas são bem aproveitadas em uma estratégia baseada em Loucura, sendo esta uma das principais contribuições da coleção à tribo de uma forma geral.
Dentre outros reforços de Voto Carmesim estão Henrika Domnathi, Welcoming Vampire, Olivia, Crimson Bride e Edgar, Charmed Groom. O set também trouxe o precon Linhagem Vampírica especialmente dedicado à tribo, com Strefan, Maurer Progenitor como comandante em um deck focado em criaturas de alto impacto (algo ainda não explorado na tribo até então), reprintando clássicos e trazendo cards inéditos relevantes, como Crossway Troublemakers, Kamber, the Plunderer, Markov Enforcer, Midnight Arsonist, Scion of Opulence, Timothar, Baron of Bats, Glass-Cast Heart e Olivia’s Wrath.
Ad

Apesar do número grande de adições que estas coleções trouxeram para os vampiros, alguns fãs da tribo demonstraram insatisfação com este último set, alegando não ter sido suficiente. De fato as expectativas estavam altas demais, e talvez seja natural que parte da fan base não ficasse contente, já que esperavam algo tão grandioso quanto a quarta onda de 2017. No entanto, em termos de diversidade é inegável que Caçada à Meia-Noite e Voto Carmesim trouxeram boas contribuições para o arquétipo.
Principais comandantes vampiros
Quando se fala de vampiros existem inúmeros comandantes adequados para um deck tribal, certamente mais do que eu conseguiria abordar neste artigo. Falarei apenas daqueles que segundo a minha concepção são os mais relevantes, em cada um dos subtemas comuns usados para decks de vampiro.
Se você não está tão familiarizado com arquétipos e temas do Commander, recomendo consultar o meu Glossário.
Deck EDH Edgar Markov (Tribal, Swarm - Aggro)

Dentre todos os comandantes que se pode escolher para liderar um deck de vampiros, Edgar Markov é sem sombra de dúvidas o primeiro na esmagadora maioria dos casos. Seu conjunto de habilidades e sua identidade de cores fazem com que ele reine quase absoluto como o principal comandante da tribo, podendo facilmente apoiar qualquer subtema dentro dela. No entanto, a linha mais intuitiva adotada por aqueles que usam o progenitor Markov como general é a de focar na produção de fichas explorando sua Eminência. Esta é a característica mais marcante deste comandante, permitindo que ele exerça uma presença significativa no jogo sem nem mesmo precisar ser conjurado. Por conta disso, a maior parte dos decks com este foco optam pelo uso extensivo de criaturas de baixo custo, de modo a potencializar sua velocidade e gerar massa crítica de criaturas nos primeiros turnos. Combinando isso com pumps globais e senhores como Legion Lieutenant, Stromkirk Captain, Shared Animosity, dentre outros muitos, o deck é capaz de impor pressão aos oponentes com uma velocidade dificilmente vista no formato. A facilidade com que Edgar Markov cria fichas de vampiro 1/1 acaba também sendo bem aproveitada por motores de sacrifício como Indulgent Aristocrat, Viscera Seer e Skullclamp, tornando ele um comandante bastante promissor para decks Aristocratas, muito populares entre a tribo dos vampiros.
Ad
A fraqueza de Edgar Markov é justamente o calcanhar de aquiles de todo deck de fichas: uma dependência muito grande de criaturas que torna remoções globais como Day of Judgment ou Damnation especialmente arrasadoras. Compras, recursões de cemitério e cartas específicas para segurança de board como Teferi’s Protection e Boros Charm são essenciais para a manutenção da estratégia.
Deck EDH Edgar, Noivo Encantado (Tribal, Aristocratas, Swarm - Aggro)

Enquanto a versão clássica do progenitor Markov sofre naturalmente com board wipes, seu remake de Voto Carmesim parece mais preparado para lidar com este problema. Edgar, Charmed Groom combina três funções diferentes e muito úteis. Primeiro, fortalecer as criaturas aumentando a periculosidade do seu board. Segundo, por ser “auto-recurssivel” ele é um bom “bucha de sacrifício”, sendo útil em decks Aristocratas. E por último, sua habilidade de voltar para o jogo transformado garante uma recuperação mais fácil após uma remoção global a medida que o Edgar Markov's Coffin cria algumas fichas de vampiro. Embora este Edgar não tenha se provado o suficiente para desbancar o comandante clássico de C17, ele certamente é relevante o suficiente para servir como principal opção para alguém que queira um deck que seja agressivo e com alguma resiliência. Ele também é o melhor comandante tribal para vampiros na combinação branco e preto.
Deck EDH Olivia Voldaren (Tribal, Aikido - Midrange)

Ad
Olivia foi durante muito tempo a principal escolha de comandante para a tribo, já que antes da quarta onda não havia uma grande diversidade de opções. Embora faça sentido em contexto tribal, ela foi desenhada para poder funcionar perfeitamente sozinha, sem a necessidade de que haja um board repleto de vampiros. Olivia Voldaren então ainda é um boa opção para jogadores que gostem de comandantes com um bom valor individual e que consigam se sair bem mesmo quando as sinergias tribais falham. Da mesma forma, devido a sua autossuficiência característica, Olivia pode servir como o comandante genérico para um deck Rakdos de vampiros com quaisquer subtemas. A lista a seguir apresenta uma combinação convencional de Aristocratas com Life Gain, feita para explorar a primeira habilidade ativada do comandante com toque mortífero (Colar de Basilisco, Espada Vorpal) para estabelecer um certo controle sobre o campo dos oponentes enquanto fortalece o seu próprio.
Deck EDH Anje Falkenrath (Tribal, Descarte - Midrange/Combo)

Este é um deck criado para explorar a orientação de muitos vampiros para os efeitos de descarte (especialmente Falkenrath Gorger e outros cards com Loucura). Loots e efeitos de roda também potencializam cards como Bone Miser e Archfiend of Ifnir. Esta não é exatamente uma das formas mais eficientes de se usar os vampiros no Commander, mas escolhi inclui-la aqui por ser a representação de um subtema diferente dos convencionais da tribo.
Deck EDH Vito, Espinho da Rosa do Ocaso (Tribal, Lifegain - Midrange/Combo)

Ad
Apesar de Vito, Thorn of the Dusk Rose ser frequentemente usado como comandante em decks lifegain combo que não necessariamente são tribais, uma boa parte daqueles que o usam escolhem os vampiros como tema. Ele é bastante lembrado por seu combo com Exquisite Blood, mas seu papel em um deck de vampiros é bem mais recorrente como um potencializador de dano, já que o ganho de vida é um tema bastante presente na tribo. Sanctum Seeker, Blood Tribute, Malakir Bloodwitch, Crossway Troublemakers e Sangromancer são alguns dos cards assinatura deste comandante em um contexto tribal.
Deck EDH Anowon, o Sábio da Ruína (Tribal, Aristocratas - Midrange)

Anowon foi a primeiríssima criatura lendária a assumir o manto de principal representante da tribo dos vampiros no Commander (talvez dividindo este lugar com Drana, Kalastria Bloodchief. Por isso achei justo menciona-lo neste artigo, mesmo que graças a evolução natural do arquétipo já contada anteriormente ele apareça pouco no meta atual. Ainda assim, Anowon, the Ruin Sage se beneficou muito das ondas de vampiros que o sucederam que fortaleceram o tema aristocratas na tribo, e ainda continua sendo uma boa opção para quem quer montar um deck de vampiros e faça questão que seja mono black. Um deck que explore sua habilidade pode se sair muito bem em uma mesa contra outros decks baseados em criaturas.
Conclusões
Espero que tenha compreendido melhor sobre a tradição tribal dos vampiros no Commander. E o futuro? O que espera-se desta tribo em outros planos? Deixam aqui nos comentários!
Ad
— commentaires0
Soyez le premier à commenter